Classificação da Água

No Brasil, nos últimos anos, observou-se um crescimento contínuo na produção de águas minerais, em decorrência da grande preocupação com a saúde e do incentivo ao consumo de produtos naturais.

As águas minerais são aquelas que por sua composição química ou características físicos-químicas são consideradas benéficas à saúde. Elas possuem propriedades medicinais, que podem combater desde uma prisão de ventre até desequílibrios emocionais. Portanto, deve-se ter uma preocupação com a captação destas águas, pois uma captação incorreta pode influenciar nas suas características químicas, físico-químicas e microbiológica, alterando sua qualidade, principalmente no que diz respeito ao
segurança, paladar e à aceitabilidade pelo consumidor. Sendo assim, é de extrema relevância a sua correta industrialização.

A ÁGUA

A rigor, toda água natural, por mais pura que seja, tem um certo conteúdo de sais. As águas subterrâneas são especialmente enriquecidas em sais retirados das rochas e sedimentos por onde circularam muito vagarosamente. Durante muito tempo acreditou-se que as águas minerais tinham uma origem diferente da água subterrânea. Sabe-se hoje, contudo, que ambas têm a mesma origem.
Duas teorias clássicas sobre a origem das águas minerais se confrontam durante muito tempo: a teoria da origem meteórica, que admite ser a água mineral proveniente da própria água das chuvas infiltradas a grandes profundidades, e a teoria da origem magmática, que explica a origem dessas águas a partir de fenômenos magmáticos como vulcanismo. Hoje, com os conhecimentos sobre a distribuição da água no planeta, a primeira teoria é a mais aceita, uma vez que se admite que as águas de origem magmática, também denominadas juvenis, constituem uma fração irrelevante do volume total. .
A teoria da origem meteórica considera a água mineral um tipo particular de água subterrânea cuja formação resulta da ressurgência das águas das chuvas infiltradas a grandes profundidades, através de fraturas e falhas tectônicas, em velocidade muito lenta. Ao defrontar-se com descontinuidades de estruturas geológicas (falhas, diques, etc.), impulsionadas pelo peso da coluna de água superposta e, em certos casos, por gases e vapores nelas presentes, essas águas emergem à superfície sob forma de fontes.
No Brasil, o surgimento de fontes está condicionando a teoria da origem meteórica. Há regiões no Brasil, onde se verificam um meteorismo bastante intenso e, nestas mesmas regiões situa-se o maior número de indústrias envasadoras de água mineral.
Sendo assim, a origem da água mineral e a sua mineralização estão intimamente ligadas à infiltração da água da chuva e sua circulação nos perfis geológicos. No solo é onde acontecem as maiores modificações químicas da água da chuva, principalmente quando ela atravessa uma zona biologicamente ativa.
Portanto, águas minerais são aquelas que conseguiram atingir profundidades maiores e que, por isto, se enriqueceram em sais, adquirindo novas características físico-químicas.

A CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS MINERAIS

Segundo o Decreto – Lei n.º 7.841- de 8 de Agosto de 1945 do  Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) (atual ANM), águas minerais “são aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas que possuam composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns. com características que lhes confiram uma ação “medicamentosa”. São ainda definidos no Código, os padrões físicos e físico-químicos e as concentrações químicas mínimas para o enquadramento dessas águas como minerais e naturais potável de mesa.
O Código de Água Mineral Brasileiro citado anteriormente adota a classificação mais aceita mundialmente. São levados em consideração fundamentalmente, dois critérios, o das características permanentes da água (constituição química) e as que lhes são inerentes apenas na fonte (gases e temperatura). Deste modo, são feitas duas classificações: uma da água e outra da fonte.

IDENTIDADE E CARACTERÍSTICAS MÍNIMAS DE QUALIDADE DA ÁGUA MINERAL NATURAL E ÁGUA NATURAL

Os Padrões de Identidade e características mínimas de qualidade para Águas Minerais Naturais e das chamadas Águas Naturais, regulamentados pela Resolução – RDC n. º 54 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de 15 de junho de 2000, e revogada pela Resolução RDC 274 de 22 de Setembro de 2005 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
Segundo a ANVISA, o termo água natural tem o mesmo significado de
Água Potável de Mesa para o Decreto-Lei n. º7.841 de 08 de agosto de 1945 do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

DEFINIÇÃO: 

–  Água Mineral Natural: é a água obtida diretamente de fontes naturais ou por extração de águas subterrâneas. É caracterizada pelo conteúdo definido e constante de determinados sais minerais, oligoelementos e outros constituintes considerando as flutuações naturais.

–  Água Natural: é a água obtida diretamente de fontes naturais ou por extração de águas subterrâneas. É caracterizada pelo conteúdo definido e constante de determinados sais minerais, oligoelementos e outros constituintes, em níveis inferiores aos mínimos estabelecidos para água mineral natural. O conteúdo dos constituintes pode ter flutuações naturais.

–  Água Adicionada de Sais: é a água para consumo humano preparada e envasada, contendo um ou mais dos compostos previstos no item 5.3.2 deste Regulamento. Não deve conter açúcares, adoçantes, aromas ou outros ingredientes.

CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS MINERAIS QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS PERMANENTES.

De acordo com as características permanentes as águas minerais podem ser classificadas quanto à composição química em
– Oligominerais: aquelas que contêm diversos tipos de sais, todos em baixa concentração;
– Radíferas: quando contêm substâncias radioativas dissolvidas, que lhes atribuam radioatividade permanente;
– Alcalina-bicarbonatadas: as que contêm, por litro, uma quantidade de compostos alcalinos equivalentes a, no mínimo, a 0,200 g de bicarbonato de sódio;
– Alcalino-terrosas: as que contêm, por litro, uma quantidade de alcalinos terrosos equivalentes a, no mínimo, 0,120 g de carbonato de cálcio, distinguindo-se em: alcalino-terrosas cálcicas, as que contêm, por litro, no mínimo, 0,048 g de cátion Ca sob a forma de bicarbonato de cálcio e alcalinoterrosas magnesianas, as que contêm, por litro, no mínimo, 0,030 g de cátion Mg (Magnésio), sob a forma de bicarbonato de magnésio;
– Sulfatadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,100 g do ânion SO4,
combinado aos cátions Na, K e Mg;
– Sulfurosas: as que contêm, no mínimo, 0,001 g do ânion S;
– Nitratadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,100 g de ânion NO3 de origem mineral;
– Cloretadas: as que contêm, por litro, no mínimo, 0,500 g de NaCl;
– Ferruginosas: as que contêm, por litro, no mínimo. 0,005 g de cátion Fe;
Radioativas: as que contêm radônio em dissolução, obedecendo aos seguintes limites:   Fracamente Radioativas, as que apresentam, no mínimo, um teor em radônio compreendido entre 5 e 10 unidades Mache, por litro, a 20°C e 760mm de Hg de pressão; Radioativas, as que apresentam um teor em radônio compreendido entre 10 e 50 unidades Mache por litro, a 20° C e 760mm de Hg de pressão; Fortemente Radioativas, as que possuírem um teor em radônio superior a 50 unidades Mache, por litro, a 20°C e 760mm de Hg de pressão;
– Toriativas: as que possuem, por litro, no mínimo, um teor em torônio
em dissolução equivalente, em unidades eletrostáticas, a 2 unidades Mache;
– Carbogasosas: as que contêm, por litro, 200ml de gás carbônico livre
dissolvido, a 20°C e 760mm de Hg de pressão.

CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS MINERAIS QUANTO ÀS FONTES


As fontes de água mineral são classificadas segundo os gases presentes e segundo a temperatura.

Quanto aos gases:
Podem ser classificadas de acordo com as fontes como:
-Fontes radioativas:
 Fracamente Radioativas: as que apresentam, no mínimo, uma vazão gasosa de 1 litro    por minuto com um teor em radônio compreendido entre 5 e 10 unidades Mache, por litro de gás espontâneo, a 20°C e 760mm de Hg de pressão;
 Radioativas: as que apresentam, no mínimo, uma vazão gasosa de 1 litro por minuto, com um teor compreendido entre 10 e 50 unidades Mache, por litro de gás espontâneo, a 20°C e 760mm de Hg de pressão;
 Fortemente Radioativas: as que apresentam, no mínimo, uma vazão gasosa de 1 litro por minuto, com teor em radônio superior a 50 unidades Mache, por litro de gás espontâneo, a 20°C e 760mm de Hg de pressão.

-Fontes Toriativas: as que apresentam, no mínimo, uma vazão gasosa de 1 litro por minuto, com um teor em torônio, na fonte, equivalente, em unidades eletrostáticas, a 2 unidades Mache por litro;
-Fontes Sulfurosas: as que possuírem, na fonte, desprendimento
definido de gás sulfídrico.

Quanto à temperatura:
Podem ser classificadas em:
-Fontes frias: quando sua temperatura for inferior a 25°C;
-Fontes hipotermais: quando sua temperatura estiver compreendida entre 25 e 33°C;
-Fontes mesotermais: quando sua temperatura estiver compreendida entre 33 e 36°C;
-Fontes isotermais: quando sua temperatura estiver compreendida entre 36 e 38°C.

A CAPTAÇÃO E PROTEÇÃO DAS FONTES NATURAIS

No Brasil, a maior parte das ocorrências de águas mineralizadas se dá
na forma de fontes naturais. Hoje, com o avanço da tecnologia de perfuração de poços profundos pode-se prever que esta passará a ser a forma predominante de captação. As vantagens da captação através de poços são muitas como a produção segundo a demanda; controle mais barato e efetivo da qualidade bacteriológica da água; captação mais profunda e longe da influência das águas rasas, mais recentes e menos mineralizadas
Por outro lado, em muitos estudos para implantação de plantas envasadoras, boas surgências naturais são descartadas em virtude da alegada complexidade em captá-las, vulnerabilidade às contaminações, além da simplicidade na perfuração de um poço artesiano.  A problemática que envolve a captação e proteção de fontes naturais e as questões relacionadas com vazão e qualidade da água para o abastecimento de unidades envasadoras vêm renegando atualmente as surgências naturais a um segundo plano de interesse diante da intensa transformação e desenvolvimento do setor no Brasil, tornando a captação da água subterrânea através de poços “artesianos” como a primeira solução para a crescente demanda por maiores vazões. Esta água, armazenada num reservatório subterrâneo natural, acumula-se através de anos ou mesmo de séculos, sendo o seu reabastecimento contínuo e natural. A alegação de que estas águas apresentam alto grau de pureza, isentas de contaminação, maiores vazões e uma captação mais econômica e segura não sendo suscetíveis às influências antrópicas, está fazendo com que inúmeras indústrias, principalmente as em fase de pesquisa e instalação, optem por este tipo de captação em detrimento, em muitos casos, de boas surgências naturais. Porém é questionada a qualidade destas águas, principalmente no que diz respeito ao paladar e à aceitabilidade pelos consumidores.